quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Viagem #4 - Marrocos


Como não voltar diferente depois de uma viagem tão rica culturalmente!? O Marrocos é um lugar muito interessante, cheio de cores e vida. E eu sou fascinada por essas culturas, não é a toa que gostei de Sevilha, aqui na Espanha, que é uma cidade cheia das influências desses povos. O único problema foi que já estava habituada em ver as cores e a arquitetura em Sevilha, e não fiquei tão impressionada quanto as outras pessoas, mas lá tem muito mais.

Também não precisa se cobrir assim pra andar no Marrocos, mas que é legal no deserto, isso é!

No início, as meninas e eu, estávamos com um certo medo, porque ouvimos um monte de histórias da opressão que as mulheres sofrem nesses lugares. Então procuramos usar roupas descentes,  falar baixo e não ficar olhando muito pras pessoas, mas depois fomos nos soltando e vendo que, pelo menos em Marraquexe não é bem assim.

Concordamos que devíamos respeitar a cultura deles, principalmente quanto às roupas, nós colocávamos blusinhas, tipo segunda pele, de manga comprida e calça comprida também. E foi melhor assim, pois embora seja uma a capital turística do Marrocos, as regras lá também são seguidas e com frequência víamos mulheres com lenços cobrindo todo o cabelo e rosto. Varia um pouco, mas a maioria das moças mostravam apenas o rosto e as mãos. E apesar disso, elas tem sim sua liberdade, algumas passeavam juntas, vi algumas dirigindo também. Foi até engraçado porque uma usava um lenço cobrindo o rosto todo e um capacete enquanto dirigia uma moto!

Me lembrei dessa imagem quando eu estava lá. As vezes porque não entendemos a
cultura do outro não quer dizer que a nossa é mais certa!
Falando no transito, o transito lá é meio doido, mas não muito, sabe? Me lembra minha cidade natal, no Brasil: São Gonçalo! Pessoas atravessam as ruas onde querem e às vezes passam carros no meio das feiras! Hahaha

Sobre as feiras, quem já foi no mercado Saara do Rio de Janeiro, não tem como negar que o nome seja bem sugestivo, porque é igualzinho, a diferença é que no marrocos eles vendem coisas marroquinas: pashminas, óleo de argan, adagas, bolsa de couro de verdade, souveniers, etc. É ali onde acontece o grande "esporte nacional", as negociações. Os marroquinos amam negociar, e se alguém aceita o primeiro preço que eles dão, eles ficam chateados. 

As vezes eles colocam o preço duas ou três vezes acima do que deve ser, só pra poder fazer esse jogo. E aí vale tudo, choramingar, fingir que vai embora, etc. Quanto mais negociação, mais eles abaixam os preços, aí façam as contas: 1 real vale mais ou menos 3 Dirhams (moeda local), e negociem!

Dirhams
E não precisa ter medo de negociar, porque eles falam de todas as línguas um pouco, sendo melhores em francês (que também é lingua oficial do país), inglês e espanhol. Mas se você falar que é brasileiro, eles soltam uns "chupa galo/maria", que um grupo de torcedores de futebol do brasil ensinaram a todos eles tempos atrás... 

Lá também tem um monte de bichos exóticos que você pode tirar foto. Pagando um dinherinho, entre 5 e 10 dirhams, você pode tirar foto com macacos, cobras, escorpiões, etc ou fazer aquelas pinturas nas mãos. Pra tirar fotos das atrações nas praças eles também cobram, então se quiser tirar foto da naja sendo encantada, separe as moedas. Lá todo mundo é muito pobre e eles vão pedir dinheiro pra praticamente tudo!



À noite dá pra sair, em alguns restaurantes tem apresentações de dança do ventre, que não tem origem no Marrocos, mas é legal de se ver e quem quiser pode se arriscar nos passinhos...



A comida de lá é muuuuuito boa, eu vou sentir muita falta, mas ela é diferente, então às vezes parece sem sal, mas algumas coisas tem um tempero delicioso. Eu gostei, segundo minha amiga tudo tem gosto de cury... Mas pra quem não gostar, em Marraquexe tem vários restaurantes com outros tipos de comidas. Mas vale a experimentar: Tajine, Cuscuz (que é totalmente diferente do doce que se come no Rio de janeiro, parece um pouco com tabule), kafta e chá de menta.


Ir ao marrocos é uma ótima oportunidade pra conhecer o deserto do Saara e é bom levar casaco, pois além da noite no deserto ser bem fria, passamos serras onde tem neve! Em geral se faz uma viagem de carro pelas montanhas que dura umas 7 horas, mas como fazem várias paradas, acaba durando o dia todo. Numa dessas paradas fomos à Aït-Ben-Haddou, uma cidade bem antiga, fundada em 757 d.C. onde foram gravados alguns filmes como Gladiador, A múmia, Game of Thrones, dentre outros.


De noite fomos para o deserto do Saara na região de Zagora, uma cidade pertinho, montados em camelos. Passamos a noite lá, em tendas muito confortáveis, mas ouvi dizer que nem todas são assim. Mas mesmo com mantas, de noite faz muuuuito frio, então tem que ir preparado.



No acampamento onde fomos  de noite tinha um jantar delicioso e uma fogueira onde o pessoal cantava, tocava instrumentos e conversava. 

Pela manhã acordamos bem cedinho e vimos o sol nascer de cima de uma duna, foi tão bonito! E depois de volta pros camelos. 


Na verdade são dromedários porque só tem uma corcova, mas também podem ser chamados de camelos árabes. Eles são enormes, altos demais, mas lindos também e têm uma carinha super fofa. Quando se levantam ou se abaixam pra gente montar neles dá um certo medinho, porque eles ao se levantar, sobem primeiro as pernas de trás, e parece que vamos cair, e na hora de descer ao contrário, abaixam primeiro na frente e o barulho que eles fazem também é estranho. Andar neles é legal, simples e seguro, mas se não tiver com várias mantas em cima, machuca, principalmente os homens!


Eu em cima do camelo
Também tem o local onde fazem os tratamentos do couro, o curtume. Fede de verdade, a minha sorte é que fui num dia nublado, se tivesse sol estaria pior. E eles dão um raminho de hortelã, que se ficar cheirando alivia um pouco o incomodo pelo cheiro.


Sem contar os palácios, museus e as tumbas que se pode visitar. Cheios dos detalhes da cultura deles e cheia de histórias...

A única coisa que não se pode visitar são as mesquitas, elas são restritas aos muçulmanos homens, apenas. Mas em todos os locais tem uma e sua torre tem que ser o prédio mais alto da cidade. Aliás, em Marraquexe, quase todas as casas tem a cor rosada, como  na mesquita abaixo.



Antes de ir ao marrocos tem que se preparar, as condições de higiene podem não ser as mais adequadas e algumas atividades podem causar dores ou enjôos. Então ficam as dicas:
*Leve remédios para enjôo, as estradas tem muitas curvas e causam enjôo mesmo nas pessoas mais resistentes.
*Leve remédio pra dor pra depois de andar de camelo.
*Leve álcool em gel pra limpar as mãos antes de comer.
*Compre água em garrafas lacradas e não beba água da torneira em hipótese alguma.
*Leve remédio também pra dor de barriga.
*Parece que 80% das pessoas que vão pra lá, pegam uma certa bactéria, então ao voltar é bom procurar um médico pra se certificar.

Estradas cheias de curvas do Marrocos
Mas a pesar de tudo, Marrocos é tudo de bom! E se eu pudesse voltava lá, com certeza! :)

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

El Día de los Reyes Magos

Com um mês de atraso, vou falar sobre o dia de reis daqui da Espanha.
Diferente do Brasil em que esse dia tem como simples tradição, é não é seguida por todos, de retirar os enfeites de natal e desmontar a árvore, aqui na Espanha é um dia especial.



É como o Halloween nos Estados Unidos ou o dia de S. Cosme e S. Damião, no Brasil. É a festa do doce que as crianças tanto esperam. A grande diferença é que aqui a festa é pra todos, as crianças de 20, 30 ,40, etc anos de idade também se divertem e levam muitos doces pra casa. Eba!

O que acontece é que aqui eles não ligam muito pro Papai Noel, em geral se abrem os presentes de natal no dia de reis, só em 6 de janeiro, quase duas semanas depois. Bem, hoje em dia tem muitas famílias que compram dois presentes, um para o dia 25 e outro para o dia 6, mas isso foge do tradicional.




Bom, aconteceu no dia 5 e 6 de janeiro a Cabalgata de los Reyes, que nada mais é do que um grande desfile com muitos carros alegóricos. Neles há crianças, adultos e animais vestidos em homenagem aos reis magos. Uma coisa que eu achei muito legal é que pelo menos um dos reis magos é negro, aí como aqui em Andaluzia,  a galera é branca (na maioria), eles se pintam.


Algumas pessoas enfeitam as sacadas das casas por onde passa a Cabalgata com balões coloridos. Quando os carros alegóricos passaram quase morri com a fofura das crianças fantasiadas em cima deles, com sacos enormes com doces nas mãos, algumas comiam um monte em quanto jogavam pras pessoas que esperavam.




Tem todo tipo de gente esperando, tem grupos que só tem adultos e tem gente que coloca guarda-chuvas abertos de ponta-cabeça pra pegar mais doces. Malandrinhos!

Ficam muitíssimas crianças esperando os carros passarem, tão bonitinhas, olham ansiosas... Quem assiste, muita das vezes já leva saquinhos pra guardar o que se pega. E não é pouco, eu sai com um a bolsa cheia, estava até pesada! Enquanto os carros decorados passam, as pessoas gritam "aqui" ou "lindos", e onde são ouvidos, recebem doces.

Os doces são patrocinados (viva a Publicidade!), não é difícil ter a logo de uma marca qualquer. Além disso tudo tem uma organização muito boa, um minuto após passar o último carro alegórico, já passam carros e pessoas limpando as ruas. Há também seguranças nas ruas avisando as pessoas pra saírem, porque já vem os carros alegóricos. É uma coisa em família, bem tranquila.


Virei criança também!

Sério, é uma coisa tão legal, tão inocente e tão feliz que eu queria ver de novo um dia, aqui mesmo, em Sevilha, talvez daqui há alguns anos, com minha própria família. Quem sabe... :)

Obs.: Quem quiser ver as fotos em tamanho maior, é só clicar nelas!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Viagem #3.3 - Madrid

Por fim, a última parte da viagem de fim de ano: Madrid.

Madrid é uma cidade legal, mas nem de perto tem o charme das cidades do sul da Espanha ou mesmo de Barcelona, na minha opinião. O que tem de legal lá são os museus e parques.
A parte turística da cidade fica bem centralizada, no primeiro dia passamos pelos principais pontos turísticos.


Primeiro fomos a Plaza Puerta do Sol, muito conhecida, principalmente lá é onde acontece a festa da virada de fim de ano, onde numa torre se tocam 12 badaladas à meia noite e os espanhóis comem uma uva a cada badalada. Lá também está um dos principais símbolos da cidade a estátua do Urso e do Medronheiro, ou Estatua del Oso y el Madroño (nome em espanhol).





Bem próxima está a Plaza Mayor, uma praça que é cercada por prédios por todos os lados, a entrada é por alguns arcos, bem tradicional em muitas cidades na Espanha.




Depois fomos ao Mercado de San Miguel, ele é muito bonito e está repleto de locais com comidas tipicas e de outros lugares também, ví até coxinha! Estava muito cheio, gente passando por todos os lados e dificilmente se tem um lugar onde se pode parar para comer.





Passamos pelo restaurante Sobrino de Botín, o restaurante mais antigo do mundo, tem até um quadrinho lá com registro do Guiness Book!





Depois fomos pra uma rua, a Paseo del Prado, onde existem muitos museus, como o Museu del Prado, Museu del Japonismo e Museu de la Reina Sofia (esse na verdade se encontra numa rua muito próxima).
Fomos ao Parque del Retiro, também conhecido como Jardim Bom Retiro, uma grande área verde, onde está o Palácio de Cristal e Monumento a Afonso XII.


Museu do Prado

Parque del Retiro




Primeiro fomos ao Monumento a Afonso XII, foi feito em homenagem ao rei, terminado em 1922. É super bonito, há barquinhos e muitas pessoas passeando. Depois fomos ao Palácio de Cristal, é como uma estufa, feita em 1887, em frente a ele há um lago que completa o visual.





Dentro do Palácio de Cristal



Depois nosso grupo se separou e a Carol e eu, fomos ao Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, ali está o famoso quadro Guernica, de Picasso. A partir das 18 horas, se não em engano, a entrada é gratuita, mas a fila é gigante, e esperamos no frio...


Olha o tamanho da fila! Isso porque a gente tava no comecinho!

A noite, a melhor refeição, bem espanhola, tinha croquetas de jamón, azeitonas, huevos rotos, patatas bravas... Hummmm! Delícia!



No dia seguinte fomos ao Museu do Prado, lá tem um monte de obras famosas, a mais conhecida é As Meninas, de Velázquez. A noite íamos passar a virada do ano na Puerta del Sol, mas acontece que lá ficou super lotado, pra ter conseguido ir, teríamos que chegar por volta das 18 horas e esperar! E naquele frio, não tinha como. Acabamos passando no KFC! Mas foi muito legal, a mãe de uma menina comprou uvas e eu as tinha levado, não tinha badaladas, mas comemos uva pelo menos... Hahaha.

Mas uma coisa tenho que dizer, é engraçado ver, as pessoas não tem o costume de se vestir de branco no ano novo, os homens vestem terno e as mulheres longo. Mas nós mantemos a tradição brasileira, nos vestimos de branco, mas não tinha praia, passamos num fast-food...

No dia 1, tudo estava fechado, e todo mundo cansado, acabamos passando o dia na cama. E no dia seguinte só demos uma caminhada por lugares que já tínhamos ido e eu tive que ir, pegar meu ônibus de volta a Sevilha.

Faltaram alguns lugares pra conhecer, eu estava doida pra ir num templo egípcio que tem na cidade, mas ninguém fez muita questão de ir e eu acabei não indo também.
Eu gostei de Madrid, e eu vou acabar voltando lá, nem que seja de passagem, quem sabe eu não tiro um diazinho e vou conhecer o que faltou?

Esse foi o fim dessa viagem. Falta pouco pro intercâmbio acabar e já to com saudade! Ai ai...