Como não voltar diferente depois de uma viagem tão rica culturalmente!? O Marrocos é um lugar muito interessante, cheio de cores e vida. E eu sou fascinada por essas culturas, não é a toa que gostei de Sevilha, aqui na Espanha, que é uma cidade cheia das influências desses povos. O único problema foi que já estava habituada em ver as cores e a arquitetura em Sevilha, e não fiquei tão impressionada quanto as outras pessoas, mas lá tem muito mais.
Também não precisa se cobrir assim pra andar no Marrocos, mas que é legal no deserto, isso é!
No início, as meninas e eu, estávamos com um certo medo, porque ouvimos um monte de histórias da opressão que as mulheres sofrem nesses lugares. Então procuramos usar roupas descentes, falar baixo e não ficar olhando muito pras pessoas, mas depois fomos nos soltando e vendo que, pelo menos em Marraquexe não é bem assim.
Concordamos que devíamos respeitar a cultura deles, principalmente quanto às roupas, nós colocávamos blusinhas, tipo segunda pele, de manga comprida e calça comprida também. E foi melhor assim, pois embora seja uma a capital turística do Marrocos, as regras lá também são seguidas e com frequência víamos mulheres com lenços cobrindo todo o cabelo e rosto. Varia um pouco, mas a maioria das moças mostravam apenas o rosto e as mãos. E apesar disso, elas tem sim sua liberdade, algumas passeavam juntas, vi algumas dirigindo também. Foi até engraçado porque uma usava um lenço cobrindo o rosto todo e um capacete enquanto dirigia uma moto!
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Me lembrei dessa imagem quando eu estava lá. As vezes porque não entendemos a cultura do outro não quer dizer que a nossa é mais certa! |
Falando no transito, o transito lá é meio doido, mas não muito, sabe? Me lembra minha cidade natal, no Brasil: São Gonçalo! Pessoas atravessam as ruas onde querem e às vezes passam carros no meio das feiras! Hahaha
Sobre as feiras, quem já foi no mercado Saara do Rio de Janeiro, não tem como negar que o nome seja bem sugestivo, porque é igualzinho, a diferença é que no marrocos eles vendem coisas marroquinas: pashminas, óleo de argan, adagas, bolsa de couro de verdade, souveniers, etc. É ali onde acontece o grande "esporte nacional", as negociações. Os marroquinos amam negociar, e se alguém aceita o primeiro preço que eles dão, eles ficam chateados.
As vezes eles colocam o preço duas ou três vezes acima do que deve ser, só pra poder fazer esse jogo. E aí vale tudo, choramingar, fingir que vai embora, etc. Quanto mais negociação, mais eles abaixam os preços, aí façam as contas: 1 real vale mais ou menos 3 Dirhams (moeda local), e negociem!
Dirhams |
E não precisa ter medo de negociar, porque eles falam de todas as línguas um pouco, sendo melhores em francês (que também é lingua oficial do país), inglês e espanhol. Mas se você falar que é brasileiro, eles soltam uns "chupa galo/maria", que um grupo de torcedores de futebol do brasil ensinaram a todos eles tempos atrás...
Lá também tem um monte de bichos exóticos que você pode tirar foto. Pagando um dinherinho, entre 5 e 10 dirhams, você pode tirar foto com macacos, cobras, escorpiões, etc ou fazer aquelas pinturas nas mãos. Pra tirar fotos das atrações nas praças eles também cobram, então se quiser tirar foto da naja sendo encantada, separe as moedas. Lá todo mundo é muito pobre e eles vão pedir dinheiro pra praticamente tudo!
À noite dá pra sair, em alguns restaurantes tem apresentações de dança do ventre, que não tem origem no Marrocos, mas é legal de se ver e quem quiser pode se arriscar nos passinhos...
A comida de lá é muuuuuito boa, eu vou sentir muita falta, mas ela é diferente, então às vezes parece sem sal, mas algumas coisas tem um tempero delicioso. Eu gostei, segundo minha amiga tudo tem gosto de cury... Mas pra quem não gostar, em Marraquexe tem vários restaurantes com outros tipos de comidas. Mas vale a experimentar: Tajine, Cuscuz (que é totalmente diferente do doce que se come no Rio de janeiro, parece um pouco com tabule), kafta e chá de menta.
Ir ao marrocos é uma ótima oportunidade pra conhecer o deserto do Saara e é bom levar casaco, pois além da noite no deserto ser bem fria, passamos serras onde tem neve! Em geral se faz uma viagem de carro pelas montanhas que dura umas 7 horas, mas como fazem várias paradas, acaba durando o dia todo. Numa dessas paradas fomos à Aït-Ben-Haddou, uma cidade bem antiga, fundada em 757 d.C. onde foram gravados alguns filmes como Gladiador, A múmia, Game of Thrones, dentre outros.
De noite fomos para o deserto do Saara na região de Zagora, uma cidade pertinho, montados em camelos. Passamos a noite lá, em tendas muito confortáveis, mas ouvi dizer que nem todas são assim. Mas mesmo com mantas, de noite faz muuuuito frio, então tem que ir preparado.
No acampamento onde fomos de noite tinha um jantar delicioso e uma fogueira onde o pessoal cantava, tocava instrumentos e conversava.
Pela manhã acordamos bem cedinho e vimos o sol nascer de cima de uma duna, foi tão bonito! E depois de volta pros camelos.
Na verdade são dromedários porque só tem uma corcova, mas também podem ser chamados de camelos árabes. Eles são enormes, altos demais, mas lindos também e têm uma carinha super fofa. Quando se levantam ou se abaixam pra gente montar neles dá um certo medinho, porque eles ao se levantar, sobem primeiro as pernas de trás, e parece que vamos cair, e na hora de descer ao contrário, abaixam primeiro na frente e o barulho que eles fazem também é estranho. Andar neles é legal, simples e seguro, mas se não tiver com várias mantas em cima, machuca, principalmente os homens!
Eu em cima do camelo |
Também tem o local onde fazem os tratamentos do couro, o curtume. Fede de verdade, a minha sorte é que fui num dia nublado, se tivesse sol estaria pior. E eles dão um raminho de hortelã, que se ficar cheirando alivia um pouco o incomodo pelo cheiro.
Sem contar os palácios, museus e as tumbas que se pode visitar. Cheios dos detalhes da cultura deles e cheia de histórias...
A única coisa que não se pode visitar são as mesquitas, elas são restritas aos muçulmanos homens, apenas. Mas em todos os locais tem uma e sua torre tem que ser o prédio mais alto da cidade. Aliás, em Marraquexe, quase todas as casas tem a cor rosada, como na mesquita abaixo.
Antes de ir ao marrocos tem que se preparar, as condições de higiene podem não ser as mais adequadas e algumas atividades podem causar dores ou enjôos. Então ficam as dicas:
*Leve remédios para enjôo, as estradas tem muitas curvas e causam enjôo mesmo nas pessoas mais resistentes.
*Leve remédio pra dor pra depois de andar de camelo.
*Leve álcool em gel pra limpar as mãos antes de comer.
*Compre água em garrafas lacradas e não beba água da torneira em hipótese alguma.
*Leve remédio também pra dor de barriga.
*Parece que 80% das pessoas que vão pra lá, pegam uma certa bactéria, então ao voltar é bom procurar um médico pra se certificar.
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Estradas cheias de curvas do Marrocos |
Mas a pesar de tudo, Marrocos é tudo de bom! E se eu pudesse voltava lá, com certeza! :)